Resolvi escrever uma crônica, e se é crônica, é latente, expressa urgências momentâneas. Aquilo que nos faz querer soltar o verbo, mesmo que seja silábico.
Penso nos títulos que o sistema impõe como se fossem papéis de cartas, selos, figurinhas, tampinhas, carrinhos... Algo 'colecionável', sem mencionar que possuir algo, em série, é sempre temporário. O que não o é?
Existe uma ostentação de identidade entre o emissor, a mensagem e o receptor, muitas vezes o questionador da tão usual ‘o que você é?’. Deve ser por isso que o mundo é pequeno em sua voracidade. As pessoas acreditam ser o que são. E muitas vezes o são mesmo, mas são só isso.
Não carrego emblemas, almejo a cada dia mais céu para minha liberdade. Se posso ser o que quero, para que me ater a só uma possibilidade, ou a duas, ou a três quando posso ficar de quatro sem receios? Ser uma aventureira, ser poeta, ser malandra, ser atriz... Ser brincando de ser sendo.
Sou uma novidade a cada estação, um rompante a cada instante, uma arte a cada olhar. Sempre verde! Em constante estado permanente de parto. Se "nascer é uma alegria que dói", a dor é uma alegria que nasce. Minhas dores são tatuagens, marcam com prazer. E com prazer é mais caro, meus caros.