21.8.10

QUILOMBO

O negro
Abraça
O tronco
E sangra

O chicote
Corta
O couro
E Costura

As grades
Gritam
Gemem
Grunhem

E um sol
Aponta
Dentro
Dos olhos
O amanhã

Azul

Sedento
Por suor
Livre

A escorrer
Na pele
Negra
O sal
Da vida

.

O negro
Semeia
A semente
E sorri

A água
Apazigua
A alma
E a alimenta

As pombas
Pairam
Pousos
Poéticos

E uma lua
Recolhe
Fora
Das mãos
O ontem

Cinza

Minguado
Por seca
Acorrentada

A marcar
Na pele
Negra
O doce
Da morte

19.8.10

FIAT LUX


A aRtE NaScE dE uMa BrInCaDeIrA pErMiSsIvA.
NeM pErVeRsA, nEm OmIsSa.


18.8.10

ESTIRPE

Dei um passo
Rumo ao insustentável

Tive convicção

Ao longe
Avistei
No espelho
Meus olhos

Distingui:
ao invés de pés,
asas!

17.8.10

EIXO

Eu
No meu centro
Inacabado
À sombra
Do futuro
Essa nuvem
Carregada
De imagens
Ao som de um disco
Ininterrupto

Respiro
Expiro
Aspiro

Mundos
Mundos
E mundos

A cabeça não dorme
O coração não descansa
Operários
Sagrados
Em territórios mundanos

A lua pisca
Para informar
Que está viva

Viva
Dentro
Daquilo que mato
Por subir em tentação
Sem salto

15.8.10

AZULZIM


Minha porção
Anjo Azul
Ajoelha
Em minha frente
Como oração
Que a um coração
Ateu
Purifica

Fora
Da janela
Um céu
De igual azul
Salta
Em minhas costas
Como manto
Que a um manco
Plebeu
Enobrece

SOLAR

O astro rei
Se põe
Majestoso
Na frente
Dos meus olhos

Não se acovarda
Diante
Meu suspiro
Cambaleante

Seu brilho
Me ofusca
Sinto-me
Gueixa
E a estrada
Roda
Minha contemplação

Ele puro
Fogo
Eu corrosiva
Água

Nessa tarde
Que anoitece
E aqui
Dentro
Acontece