20.4.07

FALSA


Choro baixinho
Para não acordar
Os pássaros da noite

E eles dormem no meu peito

O assum preto
Existe

Onde deveria haver um coração

Canto
Meu canto sofrido

Pelos cantos


Nem me balanço para não me mostrar ao vento
Me quebro por dentro

Me sustento num fio de cabelo
Que se agarra a vida
Qual?
Aquela que não é minha
Aquela que coleciono

OLHOS VENDADOS


Não há nada
Que disfarce
O olhar
De tristeza

É profundo

Um grito mudo
Na montanha russa

Olhos de adeus

Duas jabuticabas
Caídas
No quintal

Abandonadas

Filhas do vendaval

Para onde foi
A alegria?

O brilho
Que emanava
Sorria
Dançava

Restou uma peça isolada
Um disco arranhado
A marca do dedo no copo

Anoiteceu
E ela
Não conseguiu
Piscar
Ao olhar
Para lua
Sorriso de criança
No marinho
lágrima

19.4.07

MINHA PRIMAVERA


É primavera
E a alma da cidade chove

Pelos vidros das janelas
O céu se deixa espiar
Pelos mais azuis olhos
Não na cor
Mas no profundo ângulo
Que se converge
Naquilo que alguns

Conhecem por alma

É primavera
E penso na vida
Pelos que se foram
Pelos que ainda não vieram
A janela se deixa espiar
Pelos vãos da tela de proteção
Não na figura geométrica
Mas nos pequenos abismos
Que se limitam naquilo que alguns
Conhecem por chão

É primavera
E quando ela acontece
Me recolho

16.4.07

NAQUELA NOITE


O mar ia com o vento
Na espuma de um samba
Canção

O sol marinava
Minhas poentes
Lágrimas

E o dourado
Que raiava os olhos
Dela

Desenhava
Um sorriso
De lua
Minguante

No rosto
Que enfeitava
Meu corpo

Naquela noite