21.8.10

QUILOMBO

O negro
Abraça
O tronco
E sangra

O chicote
Corta
O couro
E Costura

As grades
Gritam
Gemem
Grunhem

E um sol
Aponta
Dentro
Dos olhos
O amanhã

Azul

Sedento
Por suor
Livre

A escorrer
Na pele
Negra
O sal
Da vida

.

O negro
Semeia
A semente
E sorri

A água
Apazigua
A alma
E a alimenta

As pombas
Pairam
Pousos
Poéticos

E uma lua
Recolhe
Fora
Das mãos
O ontem

Cinza

Minguado
Por seca
Acorrentada

A marcar
Na pele
Negra
O doce
Da morte

3 comentários:

Anônimo disse...

"A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca verde, vermelha azul e amarela
A tua presença
É negra, negra, negra
(...)
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
(...)"

(Caetano Veloso)

claudia guay disse...

quilombo dos PALMAres.
palmas pra vc.
belo texto sobre o que não é belo.

carmen silvia presotto disse...

"E um sol
Aponta
Dentro
Dos olhos
O amanhã..."

Nossa, esses versos são geniais, cabem neste poema e em milhares de outros.

Parabéns Anna e obrigada pela tua poesia.

Um beijo