11.10.10

LUTO


A poesia não existe em época de campanha.
A poesia chora sangue pelos filhos teus que a negam desavergonhadamente.
A poesia entra em coma e o pau come.
A poesia clama paz e o povo silencia em guerra.
A poesia desconhece poetas. Poetas?
A poesia é andarilha e faz questão de fugir do caos
Do cais
Dos ais.
A poesia não espera.
A poesia é festa
Em época de lamentação.
A poesia é a feliz contramão.
A poesia me salva
Me samba
Me lambe
Me guia
Nessa época de escuridão.

Um comentário:

Pérola Anjos disse...

A poesia salva nesta época - onde os santinhos do pau oco soltam as suas garras por todos os cantos e tornam os ares pesados e acinzentados - e em todas as outras. A poesia é o oásis.

Belíssima!

Beijos!