31.10.09

NASCIMENTO



Ah, se o oposto da morte
É o amor
Abro meu túmulo
Nesse dia
De finados

Que meus corpos
Sejam todos
Remexidos
E reativados
E recuperem o sabor
Das gotas
Derradeiras

Das noites
Mal dormidas
Dos suspiros
Afoitos
De pernas
Insustentáveis

Nos calores
Nos suores
Nas cores

Que tingem de amora
As avenidas
Por onde trafegamos
De mãos dadas
E acontecemos
De outono a outonos
Primavera

Um comentário:

Lídia Benjamim disse...

Anninnha de minha existência: só você pra conseguir num poema colocar "amor" e "morte" de forma tão fina e elegante.
De forma tão verdadeira e poética.

Você não tem somente o dom da escrita.
Tem o dom de amar.
E ser amada.

Amo-te desde o "era uma vez".