2.5.09

SALGADO


E se ela partisse
De repente
Como uma estrela
Que parece cair?

E se ela partisse
Como se entrasse
No trem
Que não regressa?

E se ela partisse
Como o sonho
Que não há lembrança?

E se ela partisse?

Meu coração
Partido
Em pedaços
Pontiagudos

Rasgaria
Minh'alma
Em tortura
Dilacerante

Meu cambalear
Sôfrego
Desmoronaria
Sarjetas

Adeus alicerces do mundo!

Mundo imundo
Que desplanta
Flores de alegria
Desmundo de prazer

Só a paisagem
Quadrada
De uma cela
Sem sol

Só o peito
Trajado
De hospício

Nada mais
Que um corpo
Oco
Vazio
Sozinho

Nada mais que o nada

Nada restaria
De pavio
Ao brilho
Que um dia
Tive no olhar

Sem sorrisos
Sem presente
Sem futuro

Uma capa
Mofada
De super herói

Um palhaço
Sem criança

Um céu
Sem lua

E eu
Sem mar

2 comentários:

Lídia Benjamim disse...

Parece que eu já conhecia...
hehehe

Ai, ai, mesmo depois de algum tempo de lido, ele produz o mesmo efeito em mim.

Pode ser pelas palavras.
Pode ser pelas letras.
Mas crei que é mais pela poesia.
Aquela que é um todo único de símbolos, de mimos, de nós.

Beijos Boneca!

Aguardo a "fofocaiada"!

Beijos na Cava!

Lídia Benjamim disse...

Errata:
crei=creio