18.12.08

O FOGÃO

Ela o pegava pelo estômago em invenções macarrônicas, mas não era só isso, ela o pegava pelo corpo todo. Era um típico casal que causava inveja tamanha sintonia, tanto em frequência boba quanto séria. Sim, eram incríveis! Era como se o amor não sobrasse pra mais ninguém.
Ah, o amor é espertalhão, não dá para acreditar no exagero, estamos sempre procurando chifre em cabeça de vaca, e nessa busca teimosa, o inevitável aconteceu.
A paixão durou quase dois anos. De repente, não mais que de repente, ele disse que queria ficar sozinho, que atingir o ápice da perfeição de um relacionamento trazia indagações. Eram dois e viviam como um. E foi assim, numa chuva primaveril, que ele bateu a porta e saiu.
Ela era o alicerce do casamento mas suas estruturas foram abaladas. O coração ficou flácido e ela chorou como criança sem doce. Como era inevitável, na mesma semana fizeram as pazes pela briga que não aconteceu. * parêntese: a intimidade revela monstros e causa discussões homéricas, e com eles não seria diferente. Não foi. Também brigavam.
E no primeiro novo encontro ele informou que sairia com um amigo para uma dessas festas 'tuntistun'. A convidou por educação já reclamando que não tinha hora para voltar pra casa, pois queria dançar.
Ela entendeu que a vida nem sempre é valsa. Entendeu que ele estava bonito demais, cheiroso demais, animado demais para quem só quer dançar. Ele dançou, ela foi para não voltar. Foi pra casa e colocou água para ferver.

2 comentários:

Luiz Calcagno disse...

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Jana Lauxen disse...

Não era um casal perfeito.
Primeiro porque casais perfeitos não existem.
Segundo porque, se fossem, enquanto dois, viveriam como dois.
Só assim para durar.

Beijocas querideza minha.
E um 2009 porreta de bom!