29.3.08

?


Seria eu
Cárcere
De minhas palavras
Se nelas
Me faço
Verdade
Até nas mentiras
Que invento?

Seria eu
Cárcere
Dessas sílabas
Que meu corpo
Exala
Até quando durmo?

Seria eu
Cárcere
Perigosa
Se eu mesma
Construo
Meus labirintos
Poéticos
E faço questão
De me perder
Nas surpresas
Diárias
Do espelho?


Eu
Que até amanhã
Sou Anna do Chico
(do Vinícius, da Marina, dos amigos...)
E cultivarei
No sensível
O farfallar
Da valsa
Da borboleta
Que um dia
Vi nos cílios
De um menino
Que descobria
O mundo

Eu
Que carrego
Os mundos
Dos mundos
Dos mundos
Dos mundos
Que me carregam

Eu
Que não suporto
As dores
Da noite
Muito menos
As do clarão
Do dia

Eu
Que me aprisiono
No silêncio
Das quatro paredes
Que meu grito
Evoca

Eu
Que faço chuva
No seu sertão
Para ser
Tão minha

Um comentário:

Lídia Benjamim disse...

Sempre assim.
Sempre no ponto do poético.
Sempre do âmago racional.
Sempre seduzindo olhos.
Sempre me seduzindo, me enlouquecendo, me abatendo.
A poesia tem "essa coisa" singular de que, quando universal, se torna íntima.
Amo-te!