14.8.07

UM PSEUDO SUICIDA


Observo um suicida na janela de um hotel

Na verdade nada indica
Tratar-se de um suicida
Mas quero tê-lo assim

Imagino o salto:
Vôo de braços abertos
Vento ao peito
Voz cortada pelo batimento cardíaco

Imagino a queda:
Sopro agudo na calçada
Sangue coagulando o cimento
Superfície marcada

De repente ele abandona a janela:
Um programa na tv
Uma água no rosto
Um corpo na cama

A imagem da morte
É borrada como lágrima sobre a tinta da caneta

Ele apaga a luz
Eu apago uma história a ser contada

Um comentário:

Lídia Benjamim disse...

Gostei demais desse texto!
Muito bom...
Sei lá: parece Lispector.
Bjocas gdes!