20.11.07

UMA FOGUEIRA


O amor dobrou a esquina
Num dia cinza


Não me preocupei
Por estar entretida
Com o mecanismo do guarda-chuva

(que não me guardou das dores
por ser turvo)


Se abriu com a chuva
Me inundei em água salgada
Secou ao sol

Tive a rosa despetalada


Ele elegante
Eu elétrica


O amor não deixou pegadas
Os dias seguiram nublados
o me preocupei
Porque estava de óculos escuro
Fechando os olhos
Para ver a lua
Ela não percebeu minha anti-presença
(por brigar com o dragão)


Ela redonda
Eu quadrada


O amor, a chuva, eu
Fomos cúmplices

Do namoro dos astros
No rastro que se fez reto


Só uma gota de perfume


Ele diluido em água
Eu crepitando em fogo

Um comentário:

Lídia Benjamim disse...

Esse é uma coisa de tudo!!!
Deus!!!

Há uma Lispector em você!!

Beijos cálidos!