A xícara de café era branca. Óbvia. Era preciso cautela no manuseio devido a temperatura. Nunca era quente. Ela tinha o hábito estranho de colocar pedras de gelo para fabricar fumaça. Tsssss! Gostava de sons, e a madrugada provocava batuques raros, por que se manter lúcidos após movimentos de perdição? Ele fazia uma cara de bobo entre as lembranças que permeavam aquele quarto, aquela vida, aquela barba que crescia toda semana... Não tinha pressa, colecionava selos como tatuagens e cortava os cachos num intuito de se doar com mais afinco a arte que lhe escolheu. Quem escolhe quem? Não gostava de futebol nem de louras; não dirigia veloz nem brincava carnaval; não bebia muita cerveja nem pouca água; não era quem foi quando nasceu nem sabia quem era quando amava. Era um quebra-cabeça composto de mosaicos fotográficos. Era um milhão em um! E agora era um envelope sobre algumas escrivaninhas... Era pardo e colorido... Era uma pintura sobre a pele da menina que entrava nos seus poros.
Ilustração inspiradora de Mário Jr.